Vou cuidar de mim como cuido das minhas palavras
Embora ache que melhor cuido do que penso, já que tudo fica guardado
Abro e fecho as minhas portas e tenho assim meus próprios cadeados
E se enfrento os meus medos sem dar um pio
Escuto os ecos ecoando na minha cabeça, respiro devagar, busco água gelada
Sorrio encarando a situação mas sinto o fogo queimar-me por dentro
Se as mãos adormecem me preocupo com o que vem pela frente
E assim busco num jogo de memórias a combinação do verde, azul,
Branco dos dentes e a sensação de alívio
Me afasta de qualquer remédio...
É bom sentir os desejos depois do medo
Melhor seria se não existissem as avarias que os erros trazem
Com o tempo a sensibilidade toma formas diferentes
Perfilando os sentimentos que se adequam conforme a situação
Vou tentando ser melhor, atenta aos cuidados e minúcias dos sonhos reais
Sensibilidade, sem idade pra não ter culpa,
Ouvir os sons naturais que me despertam do sono, e me aguçam a fome
De amar, lavando o meu rosto enrustindo o cheiro do meu travesseiro
Colocando o aroma que eu escolho pra passar no meu corpo e despertar
Os meus sentidos no olhar, no sorriso, calmamente, e então as palavras
Se guardam numa confissão presente só na minha imaginação...
Às horas, o mundo lá fora, a sensibilidade que a música torna tão forte
Todos estes sentidos, e ainda assim não me ensinaram como é saber viver,
Sem questionar, sem esperar tanto, sem a mão que seque o meu suor
Ou me alivie das mazelas que a alma fotografa e relata em cores menos fortes
O ópio que consome os vícios dos errantes,
E eu sem querer me vejo perto ou mesmo dentro dele, quando deixo esta mesma sensibilidade
Fugir dos meus frescos dedos que apontam os pecados além dos meus cadeados...
Mas continuo ouvindo rock, vendo filmes polêmicos e fuçando a politicagem estratégica dos donos da bola, e ela rola, eu danço, sozinha, vezes colando o rosto de quem vai
Sentir o cheiro do meu travesseiro, por pouco tempo,
Pra não dar tempo de descobrir que eu posso me sensibilizar, e com ele sonhar...
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