terça-feira, 29 de janeiro de 2013

SANTA MARIA, MÃE DE DEUS...

A fatalidade ocorrida em Santa Maria tomou proporções relevantes dentro e fora do país, e ainda antes de se apurar todos os fatos que contribuíram para tal desgraça, já nos deparamos com a eminente ameaça dos acobertamentos que beneficiarão a muitos dos responsáveis tais como o Governo do Estado e o Município. Fácil nunca seria, pois que a perda de centenas de jovens deixa um vazio no coração da cidade destruindo as esperanças, os objetivos e todos os planos que são criados em função do futuro deles, mas a incerteza da punição coerente, leva ainda a uma pior sensação, a de que vivemos num país sem terra, sem pernas e sem mãos.  Como se não bastasse um comerciante tocar seu negócio sem licença validada  e mesmo assim ter um público além da capacidade de lotação, na maioria dos estabelecimentos contrata-se empregados e prestadores de serviço sem capacitação para exercer suas funções, e assim, como numa roda viva, enfrentamos  as incertezas de nossas satisfações em pequenas coisas, em momentos que deveríamos estar em pleno gozo de nossa liberdade, ao invés disso, deixamos os que nos esperam apavorados temerosos pelos assaltos, pelos acidentes na estrada, pela incompreensão dos homens que controlam as nossas contas ou pela ignorância de responsáveis que controlam nosso direito de ir e vir. Nenhuma palavra, hoje, pode descrever a dor, a tristeza e a sensação de abandono que sentimos junto a tantas tragédias anunciadas, isso tudo nos faz imaginar que o retrocesso  nos remete ao primitivismo, onde nos colocamos dentro das arenas ou na cova dos leões à disposição dos louros adornados nas cabeças dos piores dinossauros da história. SOS BraZil!

JOÃO BOSCO E ALDIR BLANC - MESTRE SALA DOS MARES / POR ANA EGITO

CARA VALENTE - ANA EGITO

TOM JOBIM - SÓ TINHA DE SER COM VOCÊ (POR ANA EGITO)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

CARAMBOLA


Carambola, fruta gostosa, mas pra quem é doce demais
Não é bom se lambuzar,
Refletida no sol cria uma ilusão afortunada
Como moedas, platas, confeitos de chocolate
Embrulhadas e emaranhadas na mata prontas pra derreter
No canto da boca entreaberta, no canto dos olhos do guloso
Na cesta da vó que anda mancando, e demora pra chegar
Aumentando a vontade de comer...
Carambola, sacana, fogosa,
Gomas em forma perfeita, encharcada de caldo melado
Carnuda como as formas de Botero,
Abundante e ao mesmo tempo, difícil de achar
Porque as casas não tem mais quintal
Nos jardins só cabem flores,  piscina, refletores,
Grama sintética e caminhos de pedra
Sumiram assim os vagalumes, os beija-flores, as borboletas
E as carambolas...
Santa Maria, mãe de Deus,  deixe que eu sonhe esta noite
Com milhões de tostões, moedas, cestas e açores
Que minha vó me acorde e eu possa correr pra ajuda-la
A colher este tesouro no meu quintal...

LENDO CONVERSA DE EDUARDO MARINHO - Europa - Santana [Live in Mexico 1993] HD


Vou cuidar de mim como cuido das minhas palavras
Embora ache que melhor cuido do que penso, já que tudo fica guardado
Abro e fecho as minhas portas e tenho assim meus próprios cadeados
E se enfrento os meus medos sem dar um pio
Escuto os ecos ecoando na minha cabeça, respiro devagar, busco água gelada
Sorrio encarando a situação mas sinto o fogo queimar-me por dentro
Se as mãos adormecem me preocupo com o que vem pela frente
E assim busco num jogo de memórias a combinação do verde, azul,
Branco dos dentes e a sensação de alívio
Me afasta de qualquer remédio...
É bom sentir os desejos depois do medo
Melhor seria se não existissem as avarias que os erros trazem
Com o tempo a sensibilidade toma formas diferentes
Perfilando os sentimentos que se adequam  conforme a situação
Vou tentando ser melhor, atenta aos cuidados e minúcias dos sonhos reais
Sensibilidade, sem idade pra não ter culpa,
Ouvir os sons naturais que me despertam do sono, e me aguçam a fome
De amar, lavando o meu rosto enrustindo o cheiro do meu travesseiro
Colocando o aroma que eu escolho pra passar no meu corpo e despertar
Os meus sentidos no olhar, no sorriso, calmamente, e então as palavras
Se guardam numa confissão presente só na minha imaginação...
Às horas, o mundo lá fora, a sensibilidade que a música  torna tão forte
Todos estes sentidos,  e ainda assim não me ensinaram como é saber viver,
Sem questionar, sem esperar tanto, sem a mão que seque o meu suor
Ou me alivie das mazelas que a alma fotografa e relata em cores menos fortes
O ópio que consome os vícios dos errantes,
E eu sem querer me vejo perto ou mesmo dentro dele, quando deixo esta mesma sensibilidade
Fugir dos meus frescos dedos que apontam os pecados além dos meus cadeados...
Mas continuo ouvindo rock, vendo filmes polêmicos e fuçando a politicagem estratégica dos donos da bola, e ela rola, eu danço, sozinha, vezes colando o rosto de quem vai
Sentir o cheiro do meu travesseiro, por pouco tempo,
Pra não dar tempo de descobrir que eu posso me sensibilizar, e com ele sonhar...