Carambola, fruta gostosa, mas pra quem é doce demais
Não é bom se lambuzar,
Refletida no sol cria uma ilusão afortunada
Como moedas, platas, confeitos de chocolate
Embrulhadas e emaranhadas na mata prontas pra derreter
No canto da boca entreaberta, no canto dos olhos do guloso
Na cesta da vó que anda mancando, e demora pra chegar
Aumentando a vontade de comer...
Carambola, sacana, fogosa,
Gomas em forma perfeita, encharcada de caldo melado
Carnuda como as formas de Botero,
Abundante e ao mesmo tempo, difícil de achar
Porque as casas não tem mais quintal
Nos jardins só cabem flores,
piscina, refletores,
Grama sintética e caminhos de pedra
Sumiram assim os vagalumes, os beija-flores, as borboletas
E as carambolas...
Santa Maria, mãe de Deus,
deixe que eu sonhe esta noite
Com milhões de tostões, moedas, cestas e açores
Que minha vó me acorde e eu possa correr pra ajuda-la
A colher este tesouro no meu quintal...

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