quinta-feira, 28 de junho de 2012

MAIS E MELHORES DIAS

Aos poucos as imagens que colecionamos ao longo do dia vem nos traçando rugas, marcas expressivas, e é difícil entender o caminho dessa nova sociedade onde a crueldade, o sarcasmo, desleixo e abandono andam lado a lado.  Até mesmo a publicidade antes deliciosamente esperada nos intervalos televisivos sequer seguem padrões éticos e morais. É verdade que a população de idosos no mundo inteiro aumentou, conseguimos nos avanços da medicina prolongar a vida driblando e acertando o que antes nem mesmo era conhecido, agora é mapeado, não seria então proveitoso que pudessemos explorar todos os conhecimentos adquiridos por estas pessoas ao longo de longas décadas, quantas mudanças políticas, sociais, culturais?  Ok, vamos trazer os fatos à essa conversa:  você viu o Pelé estrear nos campos aos 17 anos, ficou boqueaberto com os dribles do Garrincha, assistiu aos sábados os programas cheios de alegria e energia do Cassino do Chacrinha? Assistiu O Último Tango em Paris, Um Bonde Chamado Desejo ou ainda o premiado Touro Indomável? O que você sabe sobre Al Capone, Stalin, Hitler, o IRA, e sobre os Beatles, Rolling Stones, Woodstock, a história do Jazz, Blues, como nasceu o Samba, que Cartola e Nelson Cavaquinho eram semi-analfabetos e compuseram belíssimas composições cujas letras até hoje retratam uma realidade ainda atual, que ouviam música clássica por saberem o que é bom? Mesmo os menos afortunados tinham o rádio ao seu lado, com âncoras que narraram com maestria tanto as informações do cotidiano como as primeiras radionovelas, os jornais eram disputados e discutidos em todos os ambientes, e o vocabulário era rico, porque rica era qualidade de vida da própria natureza do mundo. Ufa, não dá para enumerar as riquezas que nós guardamos em nossa memória, que saudade de merendar macarrão com salsicha, peixe com arroz branco, chamar a professora de Tia e voltar prá casa e comer o bolo de laranja da minha avó...
Antes de ridicularizar um idoso numa propaganda de carro mandando o "laranja" atender a "velhinha", pense em quem você será daqui há alguns anos, um cibernético com um vocabulário de gírias, comendo quentinha do fast-food, colecionando fotos digitais e viajando em 3D, usando uma foto de um desconhecido de 20 e poucos anos que malha o dia inteiro e não aguenta segurar um livro, pra bater papo com as piriguetes on line. Então, que tal convidar a pessoa mais próxima e mais experiente pra almoçar com você e depois de um longo papo cheio de boas estórias levá-la pra casa, dar-lhe um abraço aconchegante e deixá-la sentir importante pra alguém? Pronto, falei!

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